Novo ano de paz e esperança
“Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus” (Lc 2, 21). Assim termina o evangelho proclamado nas missas desse dia e assim começa a boa notícia que nos dá uma esperança concreta de termos um ano novo realmente de paz e de irmandade entre todos os seres humanos. De fato, na tradição bíblica, o oitavo dia não é apenas uma data cronológica. É uma referência teológica e espiritual. É como um dia a mais nos sete dias da criação. É como o começo de uma criação nova. Por isso, para os cristãos, cada domingo é sempre um oitavo dia, o dia no qual na madrugada, Jesus ressuscitou para dar início a uma nova etapa da criação divina no universo e no coração de cada ser humano. Jesus é esse começo novo da criação até pelo seu nome. Em hebraico, Jesus significa Deus salva. Deus é salvador. Se no Natal nós celebramos o seu nascimento em Belém, nesse dia, oitavo do Natal, celebramos o fato de que ele se torna, pelo rito da circuncisão, membro pleno do seu povo de Israel e assim comprometido com a missão de ser testemunha da aliança de paz e de amor que Deus estabelece com a humanidade.
Desde os anos 60, a Igreja Católica consagra o 1º de janeiro como Dia Mundial da Paz. E nesse ano de 2013, na sua mensagem para este dia, o papa Bento XVI toma como tema a palavra de Jesus: “Bem-aventuradas as pessoas que promovem a paz”. Em sua mensagem, o papa explica que, na Bíblia, a paz significa a justiça e a opção pela vida em sua plenitude. Então, paz, significa saúde, justiça e direitos humanos reconhecidos e respeitados. Por isso, a bem-aventurança dos que constroem a paz é boa notícia e promessa. Boa notícia porque afirma que quando trabalhamos pela paz e pela justiça no mundo, recebemos de Deus a alegria da sua bênção e somos felizes, mesmo no meio das lutas e sofrimentos que esse caminho acarreta. Do outro lado, é promessa porque, ao trabalhar pela paz, seremos reconhecidos como filhos e filhas de Deus, isso é, agimos como Deus age, já que Deus é fonte de paz e justiça.
Neste Natal, a nossa arquidiocese convidou a todos para dar um sinal desse compromisso da paz nos comprometendo na solidariedade às vítimas da seca do sertão do Nordeste. Temos de continuar essa campanha. Mas, na luta pacífica para o restabelecimento da paz, temos sempre de descobrir as causas desse sofrimento terrível de tantos irmãos nossos, que não é apenas a falta de chuvas e o rigor do clima seco, mas a distribuição injusta da terra e das condições de vida em um pais que continua desigual e que aceita fazer obras de emergência, mas não opta ainda por construir estruturas de justiça e de paz que garantam uma verdadeira transformação da sociedade na linha do projeto divino da paz e da justiça.
A bem-aventurança de Jesus para os que constroem a paz e a garantia de que o seu nome, Jesus, é dado a nós como discípulos seus, nos confirma que Deus nos chama a nos comprometer com esse projeto a partir das bases e de nossas comunidades. Cada um/uma de nós é chamado a viver essa bem-aventurança na sua família, na sua convivência e no seu trabalho. Felizes as pessoas que constroem a paz. Serão, seremos chamados filhos e filhas de Deus.
Novo ano abençoado, de paz e esperança, é o que desejo para todos e todas!
Dom Antônio Fernando Saburido
Arcebispo de Olinda e Recife
Arcebispo de Olinda e Recife
Fonte: Arquidiocese de Olinda e Recife
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