No
dia 27 de junho, Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, é celebrado o
Dia de Oração pela Santificação dos Sacerdotes. Em preparação para a
data, o arcebispo de Palmas
(TO) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios
Ordenados e a Vida Consagrada, dom Pedro Brito Guimarães, publicou uma
mensagem a todos os sacerdotes. Leia, na íntegra, o texto:
Mensagem para o dia de oração pela santificação dos sacerdotes
Caríssimos irmãos sacerdotes,
Tenho Sede!
Todo ano, a Igreja promove a Jornada Mundial
de Oração pela Santificação dos Sacerdotes, por ocasião da festa do
Sagrado Coração de Jesus que, neste ano, será no dia 27 de junho. Neste
dia, ela convida todo o povo de Deus de nossas comunidades eclesiais,
bem como as pessoas de boa vontade, para rezarem pelos seus sacerdotes
para que, fiéis aos compromissos assumidos no dia da ordenação
presbiteral, tenhamos uma vida íntegra e santa, de íntima e profunda
comunhão com Jesus. Pois somente assim poderemos amar verdadeiramente o
rebanho do Senhor que nos foi confiado.
A santidade, além de ser um projeto pessoal de vida, deve ser também
um projeto pastoral. São João Paulo II, no ano 2000, assim se
expressou: “em primeiro lugar, não hesito em dizer que o horizonte para onde deve tender todo o caminho pastoral é a santidade” (NMI 30). E o apóstolo Paulo: “A vontade de Deus é que sejais santos” (1 Ts 4,3). Tudo na vida e na missão de um sacerdote deve ter a marca da santidade.
Sem
santidade, estamos sem horizonte, não somos nada, não valemos nada e não fazemos nada de bom.
No Cenáculo, durante a Última Ceia, ao instituir a Eucaristia, o
mandamento do amor fraterno e o sacerdócio ministerial, Jesus, o Santo e
a fonte de toda santidade, revelou aos seus discípulos um dos seus
desejos mais profundos: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanece na videira, assim também vós não podereis dar fruto se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, e vós, os ramos”
(cf. Jo 15,4-5). Permanecer em Jesus é a alegria verdadeira de nossa
vida. Sem Ele, tudo em nossa vida emudece e perde sentido. Pois, foi Ele
mesmo quem disse: “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5). Decorrem desta íntima união com
Jesus Cristo a conversão pessoal e pastoral, a solicitude pastoral
pelos pobres e sofredores e o ardor missionário. Em outras palavras, a
santidade.
Hoje, mais do que em tempos passados, o sacerdote deve ser o homem de Deus.
Aquele que não se mantiver firme na fé, alegre na esperança,
perseverante na oração e firme nas tribulações (cf. Rm 12,12), terá vida
breve e estéril.Na realidade atual, perdemos muito daqueles papéis
sociais de destaque que, em tempo de cristandade, os nossos antepassados
tinham. Além do mais, com o advento dos potentes meios de comunicação,
as nossas fragilidades e feridas aparecem com maior clareza, exigindo
de nós mais coerência de vida e testemunho de santidade. Precisamos
sempre ser pastores identificados com Jesus e com sua Igreja, pobre e
para os pobres. Precisamos ser sacerdotes acolhedores, solidários,
fraternos com os irmãos, encantados e apaixonados pela missão. Enfim,
precisamos de sacerdotes santos. Sem a lógica da santidade, o ministério
sacerdotal vale muito pouco e não passa de uma simples função social.
Neste sentido, é mister recordar o que o papa Bento XVI disse certa vez: “existem algumas condições para que haja uma crescente harmonia com
Cristo na vida do sacerdote: o desejo de colaborar com Jesus para
propagar o Reino de Deus, a gratuidade no serviço pastoral e a atitude
de servir“.O encontro com
Jesus deixa o sacerdote fascinado, encantado e apaixonado por sua
pessoa, suas palavras e seus gestos. É como ser atingido pela irradiação
de bondade e de amor que emanam d’Ele, a ponto de querer ficar com Ele
como os dois discípulos de Emaús. Cada sacerdote deveria diariamente
pedir a Jesus: “Fica conosco, pois já é tarde e à noite vem chegando”
(Lc 24,29). Quem se encanta por Jesus, entra em sintonia e em amizade
íntima com Ele, e tudo passa a ser feito como agrada a Deus. Ser
sacerdote não é mérito nosso. É um dom a ser vivido na companhia de
Jesus com gratidão e generosidade.
E acrescenta o papa Bento XVI: “o convite do Senhor para o ministério ordenado
não é fruto de mérito especial, mas é um dom a ser acolhido a que se
corresponde dedicando-se não apenas a um projeto individual, mas ao de
Deus, totalmente generoso e desinteressado. Nunca nos devemos esquecer,
como sacerdotes, que a única subida legítima rumo ao ministério do
pastor não é aquela do sucesso, mas a da cruz”.
Cai bem aqui o que disse o papa Francisco: “Conscientes de terem
sido escolhidos entre os homens e constituídos em seu favor para esperar
nas coisas de Deus, exercitem com alegria e com caridade sincera a obra
sacerdotal de Cristo, unicamente com a intenção de agradar a Deus e não
a si mesmos. Sejam pastores, não funcionários. Sejam mediadores, não
intermediários”.
O coração do sacerdote é um coração sempre aberto para amar, acolher,
celebrar e agradecer. Permitam-me, amados de Deus, concluir esta
mensagem reportando, mais uma vez, ao que disse recentemente o papa
Francisco sobre a necessidade de amar e santificar a nossa vocação sacerdotal. Diz ele: “Os
sacerdotes, mais do que estudiosos, são pastores. Não podem nunca se
esquecer de Cristo, seu primeiro amor, e devem permanecer sempre do seu
lado.Como está hoje o meu primeiro amor? Estou enamorado como no
primeiro dia? Estou feliz contigo ou te ignoro? São perguntas que temos
que fazer com frequência
diante de Jesus. Porque Ele pergunta isso todos os dias, como perguntou a
Pedro: Simão, filho de João, tu me amas? Continuo enamorado de Jesus
como no primeiro dia ou o trabalho e as preocupações me fazem olhar para
outras coisas e esquecer um pouco o amor”?
Caríssimos, tenhamos sempre diante dos nossos olhos o exemplo e Jesus, o Bom Pastor,
que não veio para ser servido, mas para servir e para procurar a
ovelha, a moeda e filho perdidos e salvá-los (cf. Lc 15,4ss). Prometo,
no dia do Sagrado Coração de Jesus, rezar de modo especial por todos
vocês, sacerdotes do Senhor, a fim de que a vida
e o ministério de vocês sejam vividos na alegria do Evangelho que nos
liberta do pecado, da tristeza, do vazio interior e do isolamento. Peço
também que todos os cristãos católicos façam momentos de oração, de
adoração e súplica, pessoalmente ou reunidos em comunidade, implorando a
Deus pela santificação dos nossos sacerdotes, tesouro precioso saído do
Coração de Jesus. Que Maria, mãe dos sacerdotes, nos ajude a ter um
coração manso e humilde como o Coração do seu Filho.
E todos, em uníssono, num só coração e numa só alma, possamos dizer: Sagrado Coração de Jesus, nós temos confiança em vós! Amém!
Dom Pedro Brito Guimarães
Arcebispo de Palmas Presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada
Arcebispo de Palmas Presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada
Fonte: CNBB
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